Saudação da Presidente da LASA, Mara Viveros-Vigoya

3 junho 2019

Prezado e prezada membro da LASA.
Aceite minhas saudações cordiais. 

Desde 1º de junho, me cumpre a tarefa de servir à Associação de Estudos Latino-Americanos (LASA, na sigla do inglês) na qualidade de presidente eleita. Para aqueles que não me conhecem, eu sou uma economista com pós-graduação em estudos latino-americanos (IHEAL, Paris) e doutorado em antropologia (EHESS, Paris), área em que tenho desenvolvido a minha atividade profissional. Desde 1998 tenho sido professora e pesquisadora no Departamento de Antropologia e na Escola de Estudos de Gênero da Universidad Nacional de Colombia, da qual fui diretora em 2010-2012 e em 2016-2018. Meus interesses abrangem os campos da antropologia, da sociologia, os estudos de gênero e os estudos críticos de raça, e se concentram em temas relacionados às intersecções de gênero, sexualidade, masculinidade, classes médias, raça e etnia nas sociedades latino-americanas contemporâneas.

Sou membro da LASA desde 1997, fui conselheira na seção Ethnicity, Race and Indigenous Peoples (ERIP) e desisti de minha nomeação como Track Chair para apresentar a minha candidatura no ano de 2018. Como presidente, espero dar conta da importância de promover uma maior participação de acadêmicos e intelectuais indígenas e afrodescendentes nas atividades de LASA. Sendo a maior associação profissional do mundo para pessoas e instituições dedicadas ao estudo da América Latina, é essencial que a composição de seus membros, incluindo a de seu corpo diretivo, reflita totalmente a diversidade das sociedades que estudamos.

O crescimento e diversificação pelos quais tem passado, nos últimos anos, uma associação da magnitude da LASA, assim como o fato de que seus membros sejam majoritariamente latino-americanos, representam enormes desafios, como o da possibilidade de ser uma fonte de inovação e transformação sem que se perca a participação e o apoio dos membros mais tradicionais da Associação. Pessoalmente, me esforçarei para consolidar um legado de mais de 50 anos de trabalho, buscando ao mesmo tempo prosseguir com a tarefa de atualização e transformação do legado iniciado por presidentas e presidentes anteriores. Trabalharei para que as vozes de quem há muito tempo é objeto de pesquisa na América Latina − a população afrodescendente, os povos indígenas, as mulheres e as pessoas com orientações sexuais diversas, dentre outras − participem mais ativamente na determinação e na prática de nossos objetivos organizacionais.

O tema proposto para a LASA2020, que ocorrerá em Guadalajara entre 13 e 16 de maio próximos, será “Améfrica Ladina, vinculando mundos y saberes, tejiendo esperanzas”. Com este anúncio, pretendemos dar um passo na mesma direção do nominativo Nossa América, em vez de América Latina − que salienta a latinidade desta região, ou seja, suas relações com a Europa −, para dar visibilidade e reconhecer plenamente a participação das populações indígenas e de origem africana em sua conformação.

O próximo número da LASA Forum trará uma matéria na qual explicaremos o significado do conceito Améfrica Ladina, de autoria da intelectual afro-brasileira Lélia Gonzalez, como uma formulação que aponta para uma nova orientação histórico-cultural e política para o continente. Acreditamos que o momento que vive a região, caracterizado por marcadas tendências conservadoras, excludentes, misóginas, homófobas e racistas requer um grande esforço colaborativo intelectual e político para que sejam explicadas e desafiadas. O pensamento de Lélia Gonzalez é inspirador neste sentido, e o Congresso LASA2020, em Guadalajara, convida a continuar por esse caminho, vinculando-se de forma cada vez mais estreita o legado intelectual internacional às realidades, experiências e ensinamentos "ladino-amefricanos"; estimulando uma análise profunda da estrutura e dinâmica do poder e da dominação − que inclui, hoje, o comunicacional, o midiático e os contra-públicos das redes sociais −; e fomentando os debates horizontais e interdisciplinares, bem como com os movimentos sociais.

Na equipe montada com meus Program chairs − Eleonor Faur (Universidad Nacional de San Martín, Argentina); Regina Martínez Casas (Ciesas, México),  Osmundo Pinho (Universidade Federal do Recôncavo da Bahia, Brasil); Jo Marie Burt (George Mason University/Washington Office on Latin America) y Mariana Mora (CIESAS, México) − temos trabalhado em chamadas para palestras e na definição de novas áreas temáticas ou na reformulação de algumas delas, a fim de dar conta destas orientações.

Convidamos todos os nossos membros a tecer juntos esperanças − intelectuais, sociais, ecológicas, políticas e culturais − para avançar no caminho sinuoso da busca de um futuro sustentável no qual a Améfrica Ladina tenha lições de sobrevivência e reexistência para compartilhar.

Mara Viveros-Vigoya
Presidenta da LASA

Sobre a LASA

A Associação de Estudos Latino-Americanos (LASA) é a maior associação profissional do mundo composta de indivíduos e instituições dedicadas ao estudo da América Latina. Com mais de 13.000 sócios, mais de 60% dos quais residindo fora dos Estados Unidos, a LASA é uma associação que reúne especialistas de todas as disciplinas e profissões que dedicam-se ao estudo da América Latina em todo o mundo. A missão da LASA é promover o debate intelectual, a pesquisa e o ensino sobre a América Latina e Caribe e seus povos em todas as Américas, promover os interesses do seu quadro diversificado de sócios e incentivar a participação cívica por meio do aumento de uma rede de relacionamentos e debate público.

Se você deseja entrevistar um membro do Conselho Executivo da LASA, pode entrar em contato com o escritório de comunicações da LASA pelo telefone (412) 648-7929 ou envie um e-mail para lasa@lasaweb.org.